Depois do choque inicial de vir parar no meio do deserto de Dubai, já estou começando a me acostumar. O estranhamento das coisas não é mais tão grande, já comprei uma eco bag pra ir ao Carrefour e não sofrer tanto quanto na primeira vez, e até já me acostumei com as coisas escritas em árabe e as mulheres de burca no shopping. Comprei outro secador, depois de perder o primeiro que comprei. Mas a desastrada aqui conseguiu derrubar o novo no chão e fazer uma rachadura naquela parte removível de trás. E além do secador, no primeiro dia também perdi o cartão de acesso ao prédio e já vão descontar 150 dinheiros do meu salário. E já quase perdi meu blazer 2 vezes, esquecendo ele em algum lugar. Pois é, choque cultural mexe com a nossa memória também!
Queria poder escrever mais aqui, mas tá difícil achar tempo e a partir da semana que vem, quando o treinamento começar, será ainda mais complicado. Essa vida de dona de casa trabalhadora não é fácil! Lavar e passar roupa, cozinhar, lavar a louça, ir ao mercado, se exercitar e ainda ter uma vida social.
Bom, resumindo essa última semana. Tenho acordado todos os dias às 5 da manhã, ainda noite. Pego o ônibus até o headquarters da Emirates e no caminho vejo o nascer do sol mais incrível que já vi na vida. Fico ouvindo meu ipod e admirando o espetáculo da janela empoeirada do ônibus. Do lado direito o sol nasce redondo e amarelo como uma gema de ovo gigante, do lado esquerdo os prédios refletem o amanhecer nas janelas espelhadas. Nesse momento esqueço que estou morando num lugar isolado de tudo e todos e que acordo de madrugada todos os dias. Essa primeira semana na Emirates foi uma Induction Week, onde tivemos diversas palestras sobre tudo que envolve nossa nova vida aqui e outros procedimentos chatinhos de RH. Toda semana chegam novas pessoas aqui, e cada vez em maior número. Uma turma normal era de 60 a 70 pessoas. O meu grupo é de 96 e o que chegou essa semana, 98. Talvez seja a hora da Emirates parar de comprar avião e comprar mais ônibus pro nosso transporte! Nunca tem ônibus suficiente.
Todos os new joiners estão sendo mandados pra esse meu condomínio de prédios, o Sarab. Os apartamentos são ótimos e novos, tem piscina e academia nos prédios, mas o grande problema é a localização dele. Não existe absolutamente nada em volta. Nem taxi sabe como chegar aqui. Tudo em Dubai já foi assim um dia, um empreendimento que começa no meio do nada e em poucos anos vira uma região super valorizada. Esse é o plano deles, mas pra daqui DEZ ANOS. Hahaha! Todo mundo deu risada quando falaram isso. O projeto é transformar essa nossa região em uma Las Vegas (sem os Cassinos, é claro). A Emirates tem tentado trazer o pessoal lá do centro pra cá, mas ninguém quer vir, mesmo oferecendo um apartamento individual. Quando começaram a construir aqui era pra vir Carrefour, shopping, salão de beleza, etc. Mas com a crise econômica todo mundo desistiu e só ficou o Sarab e a gente aqui no meio do deserto. Dá só uma olhada, pra você entender o que é o meio do nada:
Até que é interessante fazer parte do início de uma região que daqui alguns anos vai ser um ponto turístico, ver algo nascer e crescer. Mas é mais interessante fazer parte da Dubai que tanto ouvimos falar. Da arquitetura super moderna, dos shoppings gigantescos, da praia, das boates. Ainda fico olhando deslumbrada pela janela do carro o tamanho dos edifícios, suntuosos e imponentes, que mais parecem irreais, um painel gigante colocado no céu. O Burj Al Khalifa é definitivamente o mais impressionante de todos. É o prédio mais alto do mundo, com 828 metros de altura. Os prédios em volta dele parecem pequenos. Vi o Khalifa de pertinho no pátio do Dubai Mall (adivinha só… o maior shopping do mundo!) e dá pra subir nele também, mas ainda não fui. O Dubai Mall também é uma coisa de outro mundo, nunca vi nada igual. Gigantesco, os corredores parecem uma fashion week de tanta grife de luxo.
O Khalifa é esse da esquerda, um pedaço dele.
Ai, tem tanta coisa mais pra contar, mas o post tá ficando longo já. Dubai está me surpreendendo a cada dia. Hoje fui à praia e foi uma delícia. O sol como sempre fez seu espetáculo no final da tarde. A praia inteira parou pra assistir. Deu até vontade de aplaudir no final. O clima nessa época do ano é maravilhoso, um calor suportável. É “inverno” agora, então está bem agradável. Dizem que fica assim até Abril/Maio, depois vem aquele calor de 50 graus. Não quero nem ver. O clima aqui é o sonho de todo Curitibano. Sol todos os dias, nunca precisa se preocupar com chuva ou mudanças de temperatura no meio do dia e nem com rinite. Perfeito, estou amando!